Negra nos Estados Unidos : Minha Experiência

Negro nos estados unidos

Entre todos os posts que eu fiz sobre ser uma turista negra no mundo afora, acho que um dos mais esperados por muitos era justamente o de como é ser uma turista negra nos Estados Unidos.

Essa não foi a minha primeira vez na Terra do Tio Sam, mas foi a primeira vez que fui sozinha e tive mais oportunidade conversar com outras pessoas e sentir um pouco mais como é ser uma turista negra nos Estados Unidos.

Essa minha última viagem eu passei por Boston e Nova York, tive uma maior oportunidade de ver as coisas e conversar com locais, não sou uma expert em como é ser uma mulher negra nos Estados unidos, aqui dou a minha visão apenas como turista.

Eu sabia que seria uma viagem “tranquila” do ponto de vista olhares, iria para um país com um percentual considerável de negros, além de ser uma metrópole, então já não teria que lidar com encaradas e coisas do tipo, mas não sabia bem como tudo ia ser.

Negro nos estados unidos

I like your hair!

Foi nos Estados Unidos que recebi muitos elogios sobre o meu cabelo, mesmo que para mim meu cabelo seja apenas um cabelo super normalzinho. Num mesmo dia três pessoas me pararam para elogiar meu cabelo, sendo duas delas num intervalo de 5 minutos enquanto esperava na fila para subir no Rockfeller Center.

Uma moça me parou para perguntar qual produto eu uso nos meus cachos, e começamos a conversar sobre tratamentos e produtos para cabelos, sobre representatividade, sobre como é ser negro em outras partes do mundo, contei a ela da minha experiência no Brasil, e depois como negra morando na Europa e recentemente na Ásia.

A Carol, a moça que me parou no metrô e que depois conversamos por mais de meia hora enquanto esperava o ferry para a Estátua da Liberdade, teve um papel bem importante nessa minha viagem, me fez refletir e conhecer um pouco mais da vida de uma negra nos Estados Unidos, trocamos ideias, ela como moradora e eu como visitante.

Negro nos estados unidos

Negros americanos estão um passo a frente

Eu não via a hora de poder conversar com algum negro americano sobre questões raciais, sabe? Eu não sei vocês, mas sempre achei que eles estão sempre um passo na nossa frente na luta por direitos, que são mais conscientizados nas questões raciais, sem ficarem se denominado moreno, moreninho, sabe?

Essa é a minha impressão vista de fora, apenas fui duas vezes ao país e em cada vez fiquei 15 dias em estados diferentes, se alguém que mora ou viveu lá sabe mais, por favor deixe um comentário!

Voltando ao assunto, conversamos muito sobre representatividade ( e a falta dela!) nas diversas esferas da sociedade. Sobre como é ter uma infância de Xuxa, Paquitas e Barbies loiras, crescer e ter uma adolescência onde as revistas de adolescente apenas falavam sobre cabelo liso, ou produtos para cabelo liso e maquiagem para olhos verdes.

Leia também : Como é ser uma turista negra na Argentina

brooklyn bridge

Conversamos sobre os poucos modelos de negros que vemos na televisão. O Brasil está “menos pior” no últimos dez anos, com mais atores negros mas ainda está longe da normalidade. A Carol riu e me disse que nos Estados Unidos eles eram iguais, que as coisas começaram a melhorar nos anos 70! (anos-luz a nossa frente!) quando surgiram os primeiros seriados com famílias negras como protagonista.

Quem não lembra de Um Maluco no Pedaço do Will Smith? Foi a primeira vez que pude ver uma família num seriado americano que parecia a minha, uma mãe que poderia ser a minha, e eu me via na Hillary, prima do Will. Pude ver uma família negra nos Estados Unidos mostrada como protagonista, sendo pessoas de sucesso e sem estereótipos e coisas negativas, um super avanço!

Negro nos estados unidos

Black Lives Matter

Claro que minha conversa com uma americana negra não poderia terminar sem falarmos sobre violência policial contra os negros. Quando ela soube que eu era brasileira, ela soltou : “Brasil tem um monte de problemas raciais” e eu balancei a cabeça em concordância. Falamos sobre a violência da abordagem policial contra negros, sobre o Black Lives Matter e vários movimentos negros originados nos Estados Unidos.

Seleção de hotéis nos Estados Unidos separados por cidades

Nova York Los Angeles Chicago Miami
Las Vegas Boston Dallas Filadélfia
Seattle Houston Orlando San Diego

boston vista do alto

Lugares de cultura negra

Durante essa viagem, e conversando com locais eu pude perceber o quanto faltam locais de cultura negra, ou melhor não exatamente faltam, mas eles raramente são colocados em evidência, raramente são visitados, quantos você como turista conhece?

Em Boston, há o African American Museum e muitos lugares contando sobre os negros que chegaram lá. Eu fiquei me perguntando porquê há tão pouco sobre cultura negra no Brasil (eu sei bem a resposta!) e exceto o Museu Afro em o Paulo, não conheço outros, isso num país com a maior quantidade de negros fora da África!

Em Nova York eu sei que há alguns walking tours focados em cultura negra, tours de jazz e muito tour no Harlem, mas infelizmente eu fui em dias que eles não fazem o tour. Poder visitar lugares em que você se reconhece com os locais não tem preço!

Justamente enquanto escrevia esse post, o Guilherme um viajante negro e blogueiro amigo meu escreveu sobre, ele falou justamente sobre os lugares de cultura negra e a solidão do negro viajante mundo afora.Guilherme foi um dos primeiros blogueiros com quem pude conversar sobre isso, e sempre me identifico muito com o que ele escreve.

Negra nos estados unidos

 Negro e negra nos Estados Unidos

Minha experiênca como turista negra nos Estados Unidos foi muito boa. Pude me ver entre a população local, embora não tenha sido como em Cuba, foi muito gratificante. Pude ver de perto alguns locais de cultura negra, pude ver pessoas andando na rua com cabelos parecidos com o meu.

Ser uma turista negra nos Estados Unidos é muito mais fácil que ser uma turista negra na maioria dos lugares por onde viajei. Espero voltar em breve e poder aprender um pouco mais sobre cultura negra por lá.

 

Relatos de como é ser uma viajante negra em outros países

Hospedagem: Aproveite ofertas exclusivas até 50%. Avaliações dos hóspedes, sem taxa de cancelamento, hotéis baratos, etc.

Passagens Aéreas: Encontre passagens aéreas baratas, encontre passagens aéreas com até 35% OFF.

Ingressos e Excursões: Não perca tempo! Lembranças não são feitas em filas. Reserve com antecedência e evite as filas das maiores atrações do mundo.

Viaje Conectado: O melhor chip internacional entregue em sua casa.

Seguro Viagem: Antes de fazer uma viagem é importante tomar alguns cuidados. Peça uma cotação e escolha o melhor plano: cobertura médica, extravio de bagagem e até cancelamento de voos! Ganhe 5% de desconto em seguro viagem com nosso link!

Loja da Paula : O que levo para viajar.

9 COMENTÁRIOS

  1. Sou obrigado a concordar, seu cabelo é lindo. Fico feliz que vc tenha encontrado tanta gente bacana pra trocar uma ideia. Eu não sou negro mas quando fui a Salvador senti que as pessoas tinham orgulho de sua identidade negra, não estavam nem aí pra quem achava que elas tinham que se adequar a um modelo Xuxa-paquitas-barbie loira. Achei o máximo.

  2. Pedro

    Muito obrigada! Acho que aos poucos está existindo um pouco mais de conscientização sim, e com essa questão de representatividade estamos aprendendo que não precisamos mais tentar (em vão!) se adequar a um modelo que não é nosso e nunca vamos conseguir atingir, aos poucos mas está acontecendo.

    • Adorei o texto!! Estava procurando justamente esse tipo de material.

      Estou cogitando uma viagem pros EUA e vai ser minha primeira viagem desse porte sozinho. A questão da negritude se faz presente e é muito bom ler esse tipo de texto para incentivar, dar dicas ou só expôr experiências pessoas mesmo.

      Obrigado e sucesso, Paula!

  3. Amei o texto e o cabelo (risos). Sou negro tive pouca experiência em NY, mas senti essa questão do invisível em Manhattan e Brooklyn; Em Staten quase não vi negros, assim como nas áreas mais abastadas da ilha (Tribeca por exemplo)… O único momento que vi racismo claro e direcionado foi ao subir a Malcolm X Blvd com minha esposa (uma mistureba de origens como todo brasileiro, mas com a pele clara). Parei para cortar o cabelo e a barba e o papo corria solto com o pessoal no salão até que minha esposa chega e tento a introduzir na conversa… O clima pesou! Ninguém falou mais comigo ou com ela! O mesmo na rua. Muitos olhares de reprovação… Foi uma grande decepção para mim sermos discriminados justamente em uma área tipicamente negra…

    • Hélio

      Obrigada pelo elogio! Que pena você ter vivenciado isso, no meu caso que estava sozinha foi super tranquilo. Eu queria fazer um roteiro negro, tentei o tour mas ele não acontecia nos dias que eu estava lá, uma pena!

  4. Linda!!! Que texto bacana, estar em contato com a experiência de outros nos ajuda a crescer também!Parabéns pela coragem Paula e que bom vc dividir! Gostei de te “Achar” rsrsr

  5. Oi Paula tudo bem?
    Vivi por mais de 20 anos em San Diego California, casado com uma Japonesa que nos conhecemos na UCLA School of Dentistry, me lembro que os professores (orientais em sua maioria) faziam piadas com outros professores. Ela sofreu por ser Japonesa e estar com um negro latino… Bom , tivemos momentos terríveis depois de formados… Pessoas negras e brancas que se recusavam ser atendidas por mim e por ela também, isso porque estávamos casados. A conta nunca fechava tivemos um casal de gêmeos, vida dura.
    Depois de bastante tempo por lá já quase esquecendo o português, ela finalmente resolveu vir comigo para o Brasil, temos muitos pacientes multi-étnicos e os nossos filhos estão na Universidade e podemos passear por todo país com olhares recriminadores ás vezes… Mas com respeito sempre, com todos os defeitos do Brasil que não são poucos, passeamos sempre pelo brasil, viajamos vez ao ano pelo mundo a turismo e não troco esta terra abençoada por nada pra residir.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.