Visitar o Campo de Concentração de Auschwitz era uma das coisas que mais queria fazer em Cracóvia. Seria uma visita difícil, mas muito necessária.
Assim que decidi as datas que iria para Cracóvia, comprei um dos tour oferecidos, já com transporte e guia inclusos, não há guias em português, e além do inglês que é diário há também tours em espanhol e francês em dias alternados da semana.
Eu recomendo que você sempre compre com antecedência porquê quase todo mundo que vai a Cracóvia, faz esse passeio. Já vi gente chegar e não conseguir fazer a visita a Auschwitz porquê estava tudo esgotado.
Paguei o meu em francês, e foi ótimo pois éramos o menor grupo de lá, cinco pessoas contando comigo o que facilitou a visita além do fato da guia ter um francês impecável.
O primeiro campo de concentração que fomos é o de Auschwitz, Auschwitz é o nome em alemão da cidadezinha polonesa de Oswiecin. Fomos de ônibus, numa visita de manhã que durou algumas horas.
Visita ao Campo de Concentração de Auschwitz
Frase da entrada do Campo de Concentração de Auschwitz
Certeza que você já viu em alguma foto ou filme, Já na entrada a gente vê a famosa frase “Arbeit Macht Frei”(o trabalho liberta) mas a realidade é que por trás daquelas cercas eletrificadas a liberdade só vinha pela morte.
Já sabemos que durante o curto período que as pessoas passavam lá (a tortura era tanta que as pessoas sobreviviam por alguns meses apenas) elas só sofriam e trabalhavam.
Percurso da visita a Auschwitz
Na verdade o que a gente chama de Campo de Concentração de Auschwitz, era um complexo de 3 campos de extermínio.
Auschwitz I com seus blocos de alojamentos é a parte mais conhecida, Auschwitz II chamado de Birkenau, uma parte mais ao ar livre e finalmente Auschwitz III que é mais distante e que resta pouca coisa hoje. A visita é feita apenas nas duas primeiras partes.
Principais blocos em Auschwitz
- Bloco 4: Extermínio
- Bloco 5: Provas materiais dos crimes
- Bloco 6: A vida do prisioneiro
- Bloco 7: Condições de moradia e sanitárias
- Bloco 11: O bloco da morte
- Bloco 13: Prisão dos ciganos e romani
- Bloco 14: Perseguição contra soviéticos
- Bloco 15: A luta e o martírio da nação polonesa
- Bloco 16: Perseguição contra eslovacos
- Bloco 18: Perseguição contra tchecos e húngaros
- Bloco 20: Perseguição contra franceses e belgas
- Bloco 21: Perseguição contra holandeses
- Bloco 27: Vida dos judeus antes do Holocausto
- Pátio do Bloco 11: local de execução por fuzilamento dos presos políticos
- Forca coletiva
- Local de execução do comandante do campo
- Câmara de gás e crematório
Só judeus morriam nos campos de concentração?
Não! Apesar de ser um grupo enorme, não eram só os judeus que morriam em Auschwitz. Existiam os ciganos, os homossexuais, os prisioneiros políticos, e qualquer pessoa que se opusesse ao regime nazista, como os prisioneiros soviéticos por exemplo.
Vida dentro de Auschwitz
As pessoas chegavam de trens, mas os trens em nada parecem com os trens de viagens, eram trens de animais ou mercadoria. As pessoas viajavam em alguns casos por quase duas semanas sem comida, sem banheiro, sem nada!
Eram amontoados uns nos outros, quando ouvi esse relato lembrei do transporte dos escravos nos navios negreiros, mais ou menos parecido até pelo fato de 1/3 já chegar morto no destino.
Na saída do trem já começava a separação em duas filas distintas : os aptos para o trabalho e os inaptos. Os homens com idade de trabalhar ia para uma fila, a maioria das mulheres, crianças, idosos e deficientes iam para outra fila, e estes morriam imediatamente.
Claro que as pessoas não sabiam que iam ser mortas imediatamente, os nazistas quando chegavam para capturar as pessoas davam um tempinho para elas fazerem as malas, e aqui podemos ver milhares de malas com o nome e os dados do dono, eles achavam que assim poderiam recuperar seus pertences de maneira mais fácil.
As pessoas consideradas inaptas eram levadas para as câmaras de gás, os nazistas diziam que tinha separados homens e mulheres porquê eles iriam tomar banho e se trocar, aliás a crueldade era tanto que havia porta-casaco na entrada das câmaras de gás, as pessoas deixavam o casaco lá, até anotavam o número do lugar onde deixaram para poder recuperarem o casaco após o “banho”.
Os nazistas não estavam satisfeitos em matar as pessoas, eles também extraiam dentes de ouro, jóias e o cabelo dos cadáveres. Com o cabelo os nazistas fabricavam meias e cobertores para os oficiais nazistas.
Os nazistas também faziam experiências ditas científicas principalmente com mulheres, anões e gêmeos já que esses dois últimos eram considerados anormalidades. Eram injetados uma espécie de pesticida diretamente no útero das mulheres tornando-as infertéis.
É tudo muito triste, quando ví esses sapatos me lembrei de um episódio de Criminal Minds onde o FBI descobre 83 pares de sapatos das vítimas de um serial killer, só que aqui foram centenas de milhares de pares.
O horror descrito alí por vezes chega ser difícil de acreditar, todos os dias havia a contagem cedo pela manhã e no final do dia.
Os prisioneiros se alinhavam numa fila muito cedo (de madrugada ainda!) e os kapos (prisioneiros que tomavam conta) contavam os outros prisioneiros que tremiam de frio já que tinham apenas um uniforme de prisão feito com um tecido muito fino, inapropriado mesmo para o verão.
Muitos tinham gangrena nos braços ou nos pés por conta do frio mas ainda assim precisavam fazer a fila da contagem, aliás mesmo as pessoas que morriam durante a noite precisavam estar “presentes” para a contagem e os mortos da noite eram apoiados nos ombros de dois colegas até o final da contagem e só depois seria queimado.
Bloco 11, o bloco da morte
O bloco 11 é chamado de “bloco da morte” pois era lá que os prisioneiros eram julgados e sempre condenados, a condenação variava de tortura a fuzilamento nesse paredão.
Engana-se quem pensa que eram crimes graves que eram condenados com o fuzilamento, a guia contou que um rapaz foi condenado ao fuzilamento por ter dado água a um colega que estava morrendo.
Haviam também prisioneiros alemães não-judeus, eram criminosos que estavam cumprindo pena e tinham certas “regalias” dentro do campo, eles eram responsáveis pelos outros prisioneiros e além disto possuiam um alojamento diferente, e comida diferente. Eles eram chamados de Kapo
Fornos de Auschwitz
Esse é um dos fornos originais, mas a matança era tanto que os fornos normais não davam conta, com o tempo esses fornos cairam no desuso e os corpos eram queimados empilhados numa fornalha a céu aberto.
Essa fornalha ficava na parte de dentro da floresta e antes de irem embora os nazistas destruíram o lugar para não deixar provas.
Um monumento em memória as vítimas do nazismo, há diversas placas no solo com mensagens em diversas línguas, nas línguas oriundas dos países que tiveram vítimas trazidas a Auschwitz.
Há dois diferentes campos, o de Auschwitz propriamente dito e o segundo que é o campo de Birkenau que fica distante de uns 3km do primeiro. Auschwitz foi o primeiro a ser construído e usado e funciona como um museu, Bikernau é maior e vários barracões foram demolidos.
Porquê os judeus não fugiam de Auschwitz
Tem gente que se pergunta : Ah, mas porquê eles não fugiam? Além de estarem fracos a ponto de morrer de fome (impossibilitando uma fuga) alguém acha que é fácil fugir no meio de uma cidade pequena na Polônia onde você nem sabe exatamente onde está e os nazistas conhecem a região? (nem vou falar das cercas eletrificadas!)
Todos os campos e subcampos do complexo de Auschwitz foram cercados pelos alemães com torres de vigilância e cercas com arame farpado e qualquer contato de prisioneiros
com o mundo exterior era proibido.
O terreno isolado ia além da área que se encontrava entre as cercas ocupando uma superfície adicional de cerca de 40 quilômetros quadrados , existente à volta dos campos de Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau
Além de tudo lá funcionava o regime da responsabilidade grupal, ou seja se um indivíduo fugisse o grupo todo era penalizado e certamente alguém morreria, então um vigiava o outro para não fugir.
Durante todos os anos do funcionamento, houveram apenas umas 800 fugas, e menos de 150 foram vitoriosas. Era muito comum que os familiares daqueles que fugiram recebesse punições severas, para coibir os outros de fazerem o mesmo.
Leia também : O que fazer em Varsóvia e o que visitar
Uma coisa que chamou a atenção foi a forte presença dos israelitas nos campos, eram um dos maiores grupos por lá carregando sempre uma bandeira de Israel.
Auschwitz foi sem dúvida o passeio mais triste e mais comovente que já fiz na vida,é tudo muito duro, o clima no local é de horror, o clima é pesado mesmo mas é impressionante viver tudo aquilo que aprendemos nas aulas de História.
Leia também : 10 Motivos para conhecer a Polônia
Como visitar o Campo de Concentração de Auschwitz
Há uma possibilidade de você ir por conta própria mas eu não recomendo. Tem que pegar um trem e um ônibus que passa só de vez em quando, numa cidadezinha minúscula do interior da Polônia, então eu realmente não recomendo a não ser que você fale polonês.
A melhor maneira é comprando um passeio para Auschwitz, com guia porquê é algo muito interessante de conhecer a real história do lugar, algo que não tem preço, sabe?
Minha experiência foi muito melhor dessa forma, aprendi muito mais. Vocês sabiam que foram os russos que libertaram os prisioneiros de Auschwitz? Eu não sabia, e poder ir com um guia fez dessa minha visita a Auschwitz muito especial.
Dicas para visitar Auschwitz
- Leve sempre um lanche ou comida na bolsa, o lugar é longe de tudo! Apesar de ter um pequeno local lá para comprar alguns salgadinhos, é muito básico, melhorar comprar algo na véspera.
- Olhe sempre a previsão do tempo na véspera, metade da visita é feita em local aberto, e não tem muito como se proteger do vento, chuva e frio.
- Auschwitz não é lugar para selfies e fotos “sem noção”. Auschwitz é um lugar onde milhares de pessoas morreram, o respeito é primordial!
Curiosidades sobre o Campo de concentração de Auschwitz
- Anne Frank, a menina do Livro O Diário de Anne Frank, passou dois meses em Auschwitz no final de 1944 até ser transferida para outro campo, onde morreu.
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Nossa! Esse tipo de turismo pode parecer estranho, mas deve existir e se fortalecer pra que essa memória nunca seja apagada e pra que bestialidades como essa nunca mais se repitam.
É isso mesmo Flavinha! Por mais doloroso que seja ver eu acho q as pessoas precisam ver isso pra que nunca se esqueçam do q passou e que não deixem nunca mais isso acontecer, bjo
Foi difícil até ler este post Paula… =/ dá uma tristeza na alma tão grande só ler e ver essas fotos. Vc fica tentando imaginar o tamanho do sofrimento e fica sem palavras pra descrever. Não dá pra imaginar… foi cruel… é muito difícil… =/
Esse foi o post mais difícil que já escrevi, me emocionei muito escrevendo, a cada parágrafo ficava com lágrimas nos olhos
Muito emocionante seu relato, Paula!
Impossível não reviver todo esse clima de horror diante desses cenários!!!
Mais uma vez, acertou em cheio na postagem!!
bjos
Obrigada Paula!
O clima é horrível mesmo, cenário de horror e a gente não deixa de imaginar o q eles sofreram por lá
bjo
Paula, eu senti a mesma coisa quando voltei de lá, foi o passeio mais triste, mas mais interessante que eu já fiz. Tenho vontade demvoltar lá um dia, apesar dos pesares. Minha vida mudou completamente depois da visita, principalmente espiritualmente.
beijos
Eu lembrei de vc muitas vezes qdo tava lá! Eu já tinha vontade de ir, mas seu post me fez passar da vontade pra ação.
Nossa, não imagino o que seja visitar um lugar assim! Nunca estive em um campo de concentração, tenho vontade, mas acredito que devemos ir bem preparadas para o que vamos ver e sentir, pois por mais que vc leia e veja fotos, acredito que estando lá, pessoalmente, deve ser uma sensação muito estranha e incômoda. O horror existiu, mesmo! Bjsss
Eu tentei me preparar psicologicamente, mas ainda assim é difícil. Pensei em desistir de ir, mas em respeito as vítimas achei por bem ir, qto mais pessoas souberem o que aconteceu por lá acredito que seja mais fácil de evitar que uma monstruosidade dessa se repita.
Meu marido falou que nunca vai me levar la. Pois ele fala que eh muito triste. E ele sabe a pessoa sensivel ao estremo que sou. Muito Bom o seu relato. E realmente eu iria sair da la muito mau. Pois so de le o post fico com o coracao partido
Eu tb sou muito sensível mas apesar de doloroso eu acho que o passeio vale cada minuto!
doi ler. O seu texto, o seu relato é bom, não me leve a mal.Mas dói.Sei nem o q dizer…
Dói demais, fiquei arrasada depois de ir, e qdo escrevi tudo voltou
Estive em Berlim mas nao tive coragem de fazer o passeio e ir ver esse campo. Acho q ia começar a chorar como uma louca. Fiquei ja triste vendo o museu do Holocausto. Decidi evitar. :/ Mas é bom lembrar para nao deixar que algo assim tao horrivel aconteça de novo. Bjos
Um turismo bem “forte” mesmo em emoçéoes tristes, mas também acho importante (como foi dito acima) pois para muitas pessoas, o que aconteceu durante a 2ª Guerra Mundial é algo tão distante fisicamente e da nossa realidade que muita gente nunca parou para pensar seriamente no assunto. E atrocidades continuam acontecendo pelo mundo afora, isso tem que parar!
Bom, falta esse lugar pra eu conhecer. Seu post e o da Marcelinha já me aguçaram mais a vontade visitar… pretendo fazer o mais breve possível. História triste, comovente, imagino a sensação de estar lá… que foi mais ou menos a que senti qdo estava na Bélgica.
Kisu!
Conhecer a Polônia e principalmente Auschwitz é um sonho que eu tenho desde o ensino médio mas as condições $$ não ajudam kk. Hoje que eu conheci seu blog e pretendo acompanhá-lo, obrigado por explicar um pouco de como foi sua visita.
Jackson
A Polônia é um país incrível, espero de coração que um dia vc possa ir!